Atenas, 10 de maio de 2011
Israel é uma terra de contrastes. A paz que reina internamente contrasta com o clima de guerra em suas fronteiras. A convivência relativamente harmoniosa entre as diferentes religiões em Jerusalém contrasta com seu passado de intolerância e violência. A riqueza de Tel Aviv contrasta com a pobreza nos países vizinhos. E a bonita luta do povo judeu por preservar sua cultura ao longo de séculos de perseguições contrasta com a forma como Israel exerce sua política externa, oprimindo outros povos ao redor. Mas as contradições também tornam um país fascinante pra se visitar e lá passamos mais uma semana de nossa viagem.
Jerusalém é uma cidade que pertence ao mundo e que foi moldada por muitas diferentes culturas. Sua história começa no IV milênio A.C., o que faz da região um dos lugares habitados mais antigos do planeta. No curso do tempo, já foi destruída 2 vezes, sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes e capturada ou recapturada 44 vezes. Hoje, quem dá as cartas são os israelenses, apesar da sua ocupação não ter o reconhecimento da comunidade internacional. Uma resolução da ONU formalizou a retirada de todas as embaixadas estrangeiras de lá, apesar de ser a capital declarada de Israel. Ainda está longe de ser encontrada uma solução pacífica e uma administração internacional da cidade já chegou a ser tentada após a 2ª guerra mundial, embora tenha durado pouquíssimo tempo.


Além do enorme valor histórico, é cidade santa pra judeus, cristãos e mulçumanos. Tudo dentro da chamada Old City, cercada por belas muralhas e em que nada está a mais do que 30 minutos de caminhada. É dividida em quatro bairros. No Bairro Judeu, o mais rico atualmente, está o Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo. Mulheres e homens têm espaços separados pra rezar próximo dele e depositar seus papeizinhos nas fendas das pedras milenares. No Bairro Cristão, está a Igreja do Santo Sepulcro, localizada onde Jesus teria sido crucificado, sepultado e onde depois teria ressuscitado. Dá pra ser mais sagrado pros cristãos do que isso? Para os mulçumanos é a 3ª cidade santa, logo após Meca e Medina. No Bairro Islâmico estão as mesquitas de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha, talvez o ponto mais marcante do horizonte da cidade. E no Bairro Armênio o maior destaque também é judaico, a Torre de David.




Mesmo que fosse por mera diplomacia, não pega bem o fato de que qualquer pessoa pode visitar os lugares sagrados judeus e cristãos, mas nossa entrada foi barrada nas principais mesquitas, o que é uma pena, pois são lindíssimas! A Via-Crúcis – ou Via Dolorosa – é um mercadão, com lojas espalhadas ao longo de todo o caminho e vendedores mal humorados tentando empurrar seus produtos pras hordas de turistas que passam por ali. Aliás, em meio à simpatia que predomina entre os povos árabes, nossa experiência em Israel foi de um tratamento mais rude e às vezes até grosseiro com os visitantes.

Ficamos hospedados em um albergue bem xexelento, provavelmente o pior da viagem até agora. Mas, tivemos lá nossos momentos de luxo, como uma noite em que fomos a um show espetacular na Torre de David, uma fortificação dentro dos muros da cidade. A história de Jerusalém é contada em um show de música e projeções nas muralhas, que formam a maior e mais interativa tela de cinema possível de se imaginar. Lindo, lindo, lindo! Imperdível! Ainda em Jerusalém, vale à pena visitar o Yad Vashem – o Museu do Holocausto. Fica distante da Old City e é enorme. A história que é contada, é óbvio, é bem triste. Mas, precisa ser ouvida.

Quando pensávamos em visitar Israel, um dos pontos que nos preocupava era a segurança. Não por medo da violência urbana que tanto nos aflige no Brasil. Afinal, nesse aspecto, é um dos países mais seguros do mundo e praticamente não há crimes. A questão são as tensões religiosas e políticas na região e nesse ponto Israel está no olho do furacão da permanente crise no Oriente Médio. Logo percebemos que se nós estávamos aflitos, eles beiram a paranóia. Na fronteira com a Jordânia (que na realidade está no Território Palestino, mas é controlada por Israel), se passa por uma bateria de procedimentos de fiscalização e por perguntas pessoais quase sem sentido. Na saída, ao embarcarmos pra Grécia, os procedimentos foram tão longos e meticulosos que, caso nosso vôo não estivesse bem atrasado, o teríamos perdido. Chegamos com muita antecedência, mas levamos 3 horas só pra alcançar o balcão de check in! Pra entrar em um shopping, as bolsas são revistadas e você passa por um detector de metais. Nas ruas é no mínimo curioso ver jovens de cerca de 20 anos carregando pistolas ou metralhadoras. Estão por toda parte. Imagine você andando num ônibus lotado e o passageiro ao seu lado vestido com roupas civis tem uma metralhadora a tira-colo? Pois aconteceu com a gente. Ou mais engraçado ainda, vê-los dançando na rua junto com famílias e adolescentes, pulando serelepes com seu armamento pesado pendurado no ombro.

É bom lembrar que um passaporte com o carimbo de Israel impede a entrada em vários países árabes. Portanto, se for viajar pela região, leve isso em consideração ao definir o roteiro. Embora seja possível pedir um carimbo em um papel separado na entrada no País, pra nós isso foi recusado, mesmo após um aparente “ok” da oficial da imigração quando pedimos. Também é um lugar bem caro, com preços de Europa.
De Jerusalém pegamos um confortável ônibus pra Tel Aviv. A cidade fica na litoral, junto ao Mediterrâneo, e é moderna, bonita e descontraída. Lembra o Rio de Janeiro, no seu astral e informalidade. Não tem grandes atrativos turísticos, mas parece um lugar muito gostoso pra se morar. As belas praias têm mar com águas transparentes. As avenidas são arborizadas, gostosas de caminhar e cheias de lojas caras e gente fazendo compras ou tomando cervejas nos bares e cafés. É plana, ideal pra rodar de bicicleta em uma de suas várias ciclovias. É cosmopolita e de cabeça aberta, com casais gays, roupas curtas e estilos alternativos andando com uma liberdade rara na região. A vida noturna é agitada e a cena artística intensa. Dessa vez ficamos num albergue bacana e descolado. Tivemos pouco tempo, mas rodamos bem. Em um único dia foram mais de 20km pra poder dar uma boa olhada. Fechamos o dia com o visual das praias a partir da Old Jafa, parte histórica da cidade. Uma bela forma de encerrar a nossa breve estada em Israel antes de seguirmos pra Grécia.

Prezados,
Desculpa incomodar novamente!!! Vou fazer uma viagem bastante parecida com a de vocês. Vou para a Jordânia e de lá vou para Israel! Gostaria de saber quanto tempo devo ficar em Jerusalém para poder conhecer a cidade?
Alguma outra dica será bem vinda!
Grato,
Lucas
Lucas, em dois dias vc poderá conhecer bem a parte histórica. Mais um dia se quiser ir ao Museu do Holocausto, que é longe e vale a visita. Nós fomos a um show de luzes e sons na Torre de David que foi bem legal, dê uma checada. Se vc tiver mais tempo, poderá rodar com mais calma e dar uma volta por fora dos muros da cidade (ou sobre eles) pra apreciar as vistas da própria Jerusalém. Abraços
Oi, muito legal o roteiro de vocês e as narrativas da viagem… Cheguei aqui procurando informações de mochilões por Israel e alguns outros destinos, já que estou planejando mochilar pro três meses no ano que vem. PArabéns pelo blog!
Vou continuar acompanhando…
Quando tiverem tempo, poderiam me passar no nome deste hostel em Tel Aviv?
Boa viagem
Ana Luiza
Valeu, Ana Luiza! O nome do hostel é Florentina e fica em um bairro com esse mesmo nome. O dono chama Raphi e é um cara ótimo, vai te dar todas as dicas sobre a cidade. No hostelworld vc encontra.
Boa sorte e, se precisar, pode pedir mais dicas!
Abraços
Oi Fred!!!
sua viagem está sendo muito bacana em, daqui vou seguindo, fiquei esperando uma frase sobre a energia espiritual do local … Terra Santa… este é um dos locais que ainda quero muito conhecer por ter uma fé danada que carrego comigo.
beijos e que sigam dividindo com a gente
Oi Cíntia!!!
Como vc tá?! A viagem tá bacana, né, estamos curtindo mto! De fato Jerusalém atrai pessoas de vários credos diferentes em busca de seus locais sagrados. Às vezes, eles podem até ficar um pco cheios demais, com cara de atração turística convencional. Mas, isso não faz diferença pra quem está lá movido pela fé. É bonito de ver.
Ah, e não me esqueci do contato q vc passou pro SE asiático. Estamos só esperando chegar um pco mais perto. Ainda temos mto chão pela frente até lá.
Bjos!
Estou acompanhando vocês desde o início e fico ansiosa esperando por novas notícias a cada semana.
Pretendo, daqui uns 2 anos, fazer uma viagem parecida com a de vocês. Tenho certeza que suas dicas vão ajudar bastante!
Parabéns pelos posts e obrigada por compartilhar esta experiência incrível com a gente !!!!
Que legal, Aline! Qdo tiver chegando a hora, entre em contato com a gente! Abraços
Os argumentos que fundamentam a acertiva de que “Israel é uma terra de contraste” são primorosos e irretocáveis.
Vez mais, parabéns pela coleção de textos e imagens que vocês estão produzindo.
É material que, quando completo, classificado e editorado, “cheira a livro”.
Beijos
Será?! Gentileza de vcs… Obrigado novamente!
Que legal as fotos de Vcs Fred e Letícia!, curtiram o museu do holocausto então!?, Israel não poderia ser melhor descrita do que no texto de vcs, boa jornada, estou acompanhando e mandando boas energias pra vcs pelo caminho que ainda vão trilhar… Abração
Valeu Guerra! Tb mandamos boas energias. Por anda agora!? Abração!
Iiii. Deu uma mensagem de erro, eu escrevi de novo e saiu duas vezes. hehehe. Se quiserem, podem apagar e deixar só um comentário.
Abraços
Sem problemas! Mas, não tá esperando q a gente responda de novo, né? rs…
Olá, amigos. Continuo me deliciando com seus textos.
Uma sugestão: vejam se acham um desses tripés baratos, pequenos e leves para tirar fotos de vocês dois juntos. Ele evita ter que pedir para alguém tirar uma foto de vocês e depois constatar que o enquadramento foi horrível. :(
Abraços
Olá, amigos. Continuo me deliciando com seus textos.
Uma sugestão: vejam se conseguem um tripé desses baratos, pequenos e leves. Ajuda muito para tirar fotos de vocês dois juntos e evita que tenham que pedir a alguém para tirar uma foto que depois vão constatar que falta uma parte de vocês ou da paisagem.
Abraços
Valeu Rômulo! Pois é, tentamos olhar um tripé pequeno. Mas, a verdade é q a câmera é pesada e precisaria ser um tripé grande, complicado pra gente carregar. Deu pra ver q as fotos com nós 2 são poucas e não têm a mesma qualidade né, ahahaha! Abração
Oba! Taeh um roteiro bom pras biu! Valeu lets and Fred!
Q blz! Ah, e PARABÉNS!!! Feliz aniversário! Se a internet deixar, a gente te liga…