nas curvas das estradas do nepal


Varanassi, Índia, 28 de outubro de 2011

E nossa mochilada passou pelo Nepal. Encravado entre o Tibet e a Índia, o Nepal abriga oito das dez montanhas mais altas do mundo, inclusive a metade sul do Everest. Ao mesmo tempo, tem planícies tropicais próximas ao nível do mar. Ou seja, o País é um degrau com toda a diversidade de clima, vegetação e fauna que se pode esperar de tamanha variação. Tem forte influência budista e hindu e é muito, muito pobre. Sua grande riqueza está nos inacreditavelmente belos cenários naturais e na singularidade de sua cultura.

Ficamos duas semanas rodando pelo País e, apesar das extensões relativamente curtas, cada deslocamento foi uma longa aventura. Logo na chegada, entendemos por qual tipo de estrada passaríamos a viajar: estreitos restos de asfalto ladeados por pirambeiras assustadoras, pedaços da pista desmoronados e motoristas loucos ultrapassando nas curvas fechadas. Caminhões em sentido contrário travados pelo espaço insuficiente e ônibus lotados com pessoas até no teto encostando nos mais perigosos lugares pra uma paradinha pro “banheiro”. Por essas e outras que pra rodar cerca de 200km, encarávamos viagens de 7 ou mais horas. Como a gente sabe bem, distância se mede em tempo e não em quilometragem.

Desmoronamento de terra logo na chegada ao Nepal. Um dos muitos momentos parados na estrada.
Os ônibus estavam sempre lotados, dentro e fora.

Chegando à Kathmandu, o cenário não muda muito. A capital do Nepal não é um distante paraíso intocado pelo mundo moderno. É verdade que faltam “modernidades” como coleta de lixo ou regras de trânsito, deixando as ruas estreitas diariamente paradas, impedindo a passagem até de pedestres. Pra ter contato com a cultura nepalesa é preciso garimpar em meio à atmosfera turística que domina partes da cidade. O nepalês é um pouco desconfiado, mas superadas as primeiras barreiras, se mostra extremamente simpático e cordial.

Maluco beleza nepalês
As meninas reunidas para conversar e cantar na Durban Square
Vacas sagradas e pombas por todos os lados.

As principais atrações estão em torno da Durban Square. O Antigo Palácio Real, templos e os casarões de madeira não chegam a ser espetaculares, mas merecem uma visita. Por ali, também vive Kumari, uma deusa viva. Normalmente, por volta dos 3 anos de idade uma menina é identificada como a encarnação da deusa Teleju e passa a ser tratada como tal. Quando vem a puberdade, a deusa deixa seu corpo junto com a primeira menstruação e essa criança terá a dura tarefa de voltar a ser uma qualquer. Por sorte, conseguimos vê-la em uma quase rara aparição na janela (fotos são proibidas).

Em uma das entradas do Antigo Palácio Real
Em Katmandu estão algumas das construções de madeira mais antigas do mundo!
Durban Square

Um dos destaque da cidade é Swayambhu, também conhecido como Monkey Temple. Uma bonita estupa no alto de uma colina. O nome “Monkey” vem da enorme população de macacos dali, uma diversão à parte. Existem outras coisas pra fazer nos arredores, como a cidade de Patan, templos hindus, stupas budistas etc., mas nós não chegamos a conhecê-las.

Swayambhu, também conhecido como Monkey Temple
Os reis da colina
Stupa no Thamel

Kathmandu não é um lugar fácil de gostar. A luz acaba toda hora, não é limpo e o Thamel – principal bairro turístico – é um caos, repleto de agências de viagem e restaurantes de gosto duvidoso focados nos estrangeiros. Mas, conhecemos pessoas que se apaixonaram por lá, com aquela atmosfera de 3º mundo que tanto encanta a alguns europeus. Nós nos acostumamos, mas não chegamos a nos deslumbrar. Visitamos o que queríamos ver, resolvemos o que havia pra ser resolvido e partimos pra outros destinos no Nepal que são bem mais interessantes.

Tiramos nosso visto pra Índia, o que, apesar de demandar três visitas à embaixada e demorar uma semana pra ficar pronto, foi mais simples do que pensávamos. Enquanto esperávamos, visitamos o Royal Chitwan National Park, 8hs de ônibus ao sul. É uma reserva selvagem com uma fauna riquíssima, com centenas de espécies de pássaros e muitos veados, macacos, crocodilos, elefantes, rinocerontes, ursos e tigres.

Fred “caçando” na selva

Encontramos as grandes estrelas do parque – os rinocerontes

Acima de tudo, Chitwan é relaxante. Depois do caos de Kathamandu, encontramos uma casinha rodeada de árvores pra descansar. Na primeira manhã, rodamos de canoa vendo os crocodilos e passamos o resto do dia andando pela selva tentando a “sorte” de encontrar algum animal grande. Não era preciso dizer que é perigoso de verdade, por isso só é permitido entrar na reserva acompanhado por guias. Vimos algumas coisas, mas os tímidos tigres não deram as caras. Quase no final da caminhada, apareceu um homem fugindo de um ataque de abelhas. Pânico! O momento mais tenso que passamos. Um enxame nervoso, ainda mais naquela região remota, pode até matar por choque anafilático. A conclusão: começamos o dia correndo atrás de tigres e terminamos fugindo de abelhas.

Passeando de canoa pelo Chitwan
Parada para o almoço na mata. Menu: ovos cozidos
Nossa casinha no campo

Na manhã seguinte, saímos pra dar uma volta de elefante. Foi o máximo! São dóceis, inteligentes e muito bem adestrados. E o melhor é que quando se está em cima de um elefante, os outros animais não notam a sua insignificante presença e, por isso, não se afastam. Os animais pequenos não se sentem ameaçados por nós e nós não tememos os maiores. Ficamos lado a lado com um rinoceronte, uma situação impensável se estivéssemos a pé. Excelente experiência!

Safari no lombo do elefante, mais confortável que os camelos.
Os elefantes atendem aos comandos no pé da orelha.
Letícia e seu novo amigo

Tivemos ainda que voltar à Kathmandu pra buscar nossos vistos, antes de seguir pra Pokhara. Essa cidade é a base pra explorar a região do Annapurna, no Himalaia. Lá, passamos alguns dias fazendo um dos mais consagrados e espetaculares trekkings do mundo, coisa que a gente conta no próximo post.

5 comentários Adicione o seu

  1. Anônimo disse:

    Eu gostaria de saber,Oque está sendo construindo no ponto mais alto do Nepal.
    Por favor envia a resposta Para meu Email.
    viegassamuel@hotmail.com
    Agradeço.

  2. Anônimo disse:

    Nossa muita aventura… no post anterior vcs mencionaram que tiveram que fechar como se fosse um pacote turistico, isso aumentou muito o custo da viagem??? e ai por ser um pais mais pobre as coisas são mais baratas??? Acho que não falei mas sou contadora, e fico aqui tentando saber qt vcs já gastaram… no final tem como vcs postarem??? ah e Maceió estava ótimo, o lugar é maravilhoso. Abraço nos dois… Shirley

    1. Oi, Shirley! Sol em Maceió então?!
      O pacote encareceu sim, mas nesses últimos meses a gente conseguiu criar uma “gordurinha” dentro do q orçamos. Uma parte foi queimada, mas nada q nos tirasse do azul. Na verdade, não é assim tão caro. Se alguém sair do Brasil apenas pra visitar o Tibet, esse custo seria irrelevante. Mas, a gente conta em gastar pco nesses lugares. A China e (bem) mais ainda o Nepal e a índia são países mto baratos pra viajar. Só q nosso orçamento já previa isso. Temos um limite bem baixo por essas bandas, mas q é adequado pra cá.
      Com o gasto de um dia no Nepal é difícil pagar uma viagem no metrô de Londres!
      Bjos

  3. JM disse:

    Esse trekking de vocês me deixou curioso. É a segunda menção a ele e sempre como algo espetacular, fora do normal. Aliás, imagino o que pode ser “normal” nessas aventuras de vocês, que a cada post revelam um mundo novo e porque não, encantado. Ponto também para a lição filosófica das abelhas e tigres: vocês sairam em busca de um animal letal de corpo amarelo com listras negras, e o encontraram, na ressalva claro, das pequenas coisas. Novos dias ainda virão e por eles, boas viagens.

    1. Exatamente, J. Momento de grande reflexão filosófica. Não tinhamos nos dado conta da semelhança entre as listras negras e amarelas. Olhando rápido, um talvez possa até se passar pelo outro, embora as estatísticas provem q as abelhas são mto mais letais! Sobre o trekking, vc sabe o qto eu gosto e o Nepal é ridiculamente bom pra isso. É juntar a fome com a vontade de andar (?!) Não vamos demorar a subir o novo post com os causos. Foi mesmo especial!
      Abração (e cuidado pq tigre não é abelha, mas prego tb não é mosquito!)

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